quinta-feira, 23 de julho de 2009

Só o contribuinte se ................ (você caro leitor complete ao seu modo)

Um assunto que vem passando pela minha cabeça há algum tempo é a Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil, mas especificamente o dinheiro destinado à reforma dos estádios. Tenho visto na mídia a divulgação da previsão (ressalto que é a PREVISÃO) dos gastos que as 12 cidades que vão sediar os jogos da Copa farão para adequarem seus estádios as exigências da FIFA. São elas Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

Pelos planos das cidades-sedes, os estádios da Copa 2014 custarão bem mais do que a estimativa inicial da CBF em 2007. A maioria dos 12 projetos envolve PPPs (Parcerias Público-Privadas), com abertura para uso de dinheiro público. O prazo para a entrega dos estádios é para o final de 2012 já que em 2013 se tem a Copa das Confederações que deve ser disputada no país sede da Copa do Mundo, neste caso o Brasil.

O receio com este assunto é porque como bem foi dito em parágrafo anterior, apesar da maioria dos projetos utilizarem dinheiro de parcerias privadas, haverá também a contribuição de dinheiro público. Sim, caro contribuinte, eu, você e todos novamente pagaremos o pato!

Para se ter uma ideia, somente com a promoção da candidatura do Brasil para trazer a Copa, foi gasto algo em torno de R$ 1,5 milhão. É claro que você questionará que um evento como este proporcionará geração de empregos, a melhoria da infraestrutura urbana da cidade e a atração de investimentos do setor privado, e porque não dizer também, do público. São justificativas incontestáveis, de fato, países que promovem esses eventos atraíram milhares de pessoas durante as competições, melhorando a urbanização das cidades e atraíram capital. É o caso da Alemanha 2006, e China com a Olimpíada de Pequim. Mas nesses Países, o diferencial é que o projeto esportivo foi concebido para durar. Leis foram criadas para garantir verbas de manutenção aos estádios e complexos olímpicos, além de parcerias com a iniciativa privada, como concessão e até privatização.

Mas o Brasil não tem essa cultura, podemos exemplificar! No Rio de Janeiro, após o Pan-Americano de 2007, não há mais competições de atletismo no Engenhão; apartamentos da Vila Olímpica estão abandonados porque não foram vendidos, estão emperrados pela burocracia pública, diante deste cenário real, não teatral quais as garantias que os governos estaduais darão para assegurar que a gastança com a copa de 2014 terá retorno aos cofres público e, claro ao bem-estar do contribuinte? Até agora nenhuma, sem falar na corrupção dos políticos que direcionam as licitações públicas como bem frisou o Senador Jarbas Vasconcelos do PMDB que o seu partido é um partido de corruptos. Considerando que a cultura brasileira é fazer política com obra pública e não fazer política pública com obras, podemos esperar tudo, menos benefícios urbanos sociais e econômicos, com essas pretensões esportivas brasileiras.

Só que devemos ficar em alerta com os projetos faraônicos propostos por alguns Estados, pois se transformarão em elefantes brancos. Deputados criaram comissões para analisar projetos e execuções orçamentárias relacionados aos gastos relacionados ao evento (o que não garante nada!). Somente na construção e reforma de estádios, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou que serão necessários aproximadamente R$ 2,8 bilhões. E somente três deles – Morumbi (São Paulo), Beira-Rio (Porto Alegre) e Arena da Baixada (Curitiba) – terão o custo coberto totalmente pela iniciativa privada.

O presidente Lula, disse, que a União só financiará serviços de infraestrutura nas cidades, e não dará nenhum centavo para os estádios de futebol. A decisão foi tomada após o governo ter assumido as obras dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, realizados em 2007. Na época, o governo federal bancou mais de R$ 3,3 bilhões por conta do atraso nas obras do Pan. Boa parte deles na construção dos equipamentos dos jogos. Para a Copa, a União deverá arcar com a maior conta. A tendência é que os valores sejam divididos entre municípios, estados e os ministérios.
Toda essa mobilização me faz refletir novamente que quando o governo quer agir, ele faz e resolve. Não sou contra a realização da Copa, somente irei contribuir para algo que não vai mudar a realidade do país onde eu moro e muito menos a minha cidade. Os postos de saúde continuarão lotados e com um péssimo atendimento, emprego com carteira assinada será cada vez mais difícil, a segurança pública continuará o caos. Sei que um pouco de otimismo não faz mal a ninguém, mas não podemos ser tão alienados e acreditarmos que eventos deste porte trarão benefícios ao país. Vale lembrar que a Copa virá em ano de eleição, 2014, onde a presidência e os governos estaduais estarão em disputa. Muitos políticos torcem para que ela seja seu maior cabo eleitoral.

Poucos estados têm previsão de quanto gastará para deixar as cidades aptas para receber a Copa. Mas os poucos que foram divulgados levam a crer que a conta final a ser paga pelo contribuinte terá muitos zeros.